Ponencia

Gênero, poder e assédio sexual nas redes sociais: análise de relatos presentes na página do Facebook “Meu Professor Abusador”

Parte del Simposio:

SP.14: Etnografiar la transformación: géneros, patrimonios y rituales en Latinoamérica

Ponentes

Arienny Carina Ramos Souza

INSTITUTO FEDERAL DE EDUÇAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PARÁ (IFPA)

Breno Rodrigo de Oliveira Alencar

Instituto Federal do Pará

Brasil

O presente trabalho é baseado nos resultados parciais do projeto intitulado “Gênero e poder no ciberespaço: a dinâmica do assédio sexual contra estudantes do sexo feminino nas redes sociais online do Instituto Federal do Pará, campus Belém”, aprovado e desenvolvido junto ao Núcleo de Pesquisa em Educação e Cibercultura (NUPEC) do Instituto Federal do Pará com financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Tecnológico (CNPq) e da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação. Por meio dele, foi feita uma análise na página do Facebook “Meu Professor Abusador”, criada em 9 de fevereiro de 2016 por estudantes do curso de Letras da UFRGS visando denunciar casos de assédio sexual cometidos por professores do ensino básico e superior. Sob esse viés, o objetivo do estudo é analisar os relatos de assédio sexual contidos na página do Facebook, a fim de compreender e investigar a dinâmica do assédio sexual praticada contra alunas no ciberespaço, mais especificamente nas redes sociais online, bem como os fatores sociais que contribuem para sua ocorrência. A realização desta pesquisa seguiu as metodologias de revisão e análise bibliográficas propostas por, Minayo (2000), Strauss e Corbin (2008), Severino (2013) e Marconi e Lakatos (2003), protocolos de pesquisa do Conselho Nacional de Saúde. A página do facebook publica relatos de assédio sexual e moral enviados por alunas através do Google docs ou e-mail, o qual é utilizado para enviar material multimídia que comprove algum tipo de violência causado por professores. Ademais, as descrições são organizadas apenas por uma hashtag seguida do número do relato, sem identificar o nome da vítima, para assegurar a proteção das denunciantes. Os resultados parciais elucidam um comportamento ritualístico dos assediadores ao entrarem em contato com as suas vítimas e uma suposta preferência por alunas menores de idade do ensino básico, dos quais 12 casos estudados de 640 relatos publicados, apontam o fenômeno do assédio sexual online, ocorridos com mais frequência na rede social Facebook. A partir disso, é possível afirmar que o fenômeno assédio sexual online ocorre devido ao crescimento contínuo da midiatização e virtualização das relações interpessoais no ciberespaço, onde as primeiras tentativas do assédio se iniciam mediante curtidas, comentários e elogios em fotos das redes sociais, para então, acontecer no espaço presencial. Dessa forma, urgem medidas contra o assédio nas escolas, como amparo às vítimas e demissão ou exoneração do assediador. Isso demonstra a cultura da violência de gênero enraizada nas instituições acadêmicas e a dificuldade em punir casos de assédio sexual, principalmente de natureza virtual.