As análises das relações de gênero no cotidiano escolar estão em ascensão, juntamente com o processo de questionamento das estruturas sociais de classificação do sujeito, que são temas em destaque, apresentando a escola como uma “tecnologia de gênero”, influenciando comportamentos por meio de discursos normativos (LAURETIS, 1994) e tensionando fronteiras de existência. Nessa perspectiva, o estudo foca nas concepções de gênero de professores e professoras de Educação Física em Pio XII/MA, analisando a abordagem na sistematização dos conteúdos das aulas práticas em relação ao gênero. Durante o processo de execução da pesquisa guarda-chuva, os discursos que explicam a participação das meninas nas aulas práticas foram destacados, especialmente em temas como o esporte. Desse modo, o objetivo deste estudo recorte é analisar os enunciados discursivos dos estudantes (meninos e meninas) sobre a condução e execução de atividades propostas nas aulas práticas de educação física. A pesquisa ocorreu a partir de um exercício etnográfico utilizando o caderno de campo e os relatos de alunos/as durante os grupos focais que ocorreram em 2014-2015 com duração de 40 minutos, tendo uma participação volátil de aproximadamente 15 estudantes. Todos/as os/as participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e o Termo de Assentimento Livre Esclarecido (TALE). Nesse sentido, é possível considerar que a Educação Física, desde sua inclusão nos currículos formais, reforça a diferenciação de gênero com base no desempenho físico e habilidade motora. Os conceitos fundamentais da disciplina acabam sendo percebidos como naturais e imutáveis, o que reforça a ideia de inabilidade das meninas em relação ao esporte. Isso é evidenciado pela associação do desempenho técnico e tático das meninas à sua sexualidade, com adjetivos pejorativos sendo utilizados pelos alunos. A falta de discussão por parte dos professores de Educação Física sobre esses comportamentos, considerando essas atitudes como simples “brincadeira”, contribui para a manutenção dessas práticas discriminatórias no ambiente escolar.