Ponencia

“Foi mal, tia!”: Implicações sobre as relações de gênero em sala de aula.

Parte del Simposio:

SP.57: Procesos educativos en ámbitos escolares, familiares y comunitarios: continuidades y transformaciones

Ponentes

Kiuzany Bianca Silva Froz

Universidade Federal do Maranhão- UFMA

Joselia da Silva do Nascimento

Karina Hellen de Souza de Oliveira

Universidade Federal do Maranhão

Millena de Mikely Pereira Brito

As análises das relações de gênero no cotidiano escolar estão em ascensão, juntamente com o processo de questionamento das estruturas sociais de classificação do sujeito, que são temas em destaque, apresentando a escola como uma “tecnologia de gênero”, influenciando comportamentos por meio de discursos normativos (LAURETIS, 1994) e tensionando fronteiras de existência. Nessa perspectiva, o estudo foca nas concepções de gênero de professores e professoras de Educação Física em Pio XII/MA, analisando a abordagem na sistematização dos conteúdos das aulas práticas em relação ao gênero. Durante o processo de execução da pesquisa guarda-chuva, os discursos que explicam a participação das meninas nas aulas práticas foram destacados, especialmente em temas como o esporte. Desse modo, o objetivo deste estudo recorte é analisar os enunciados discursivos dos estudantes (meninos e meninas) sobre a condução e execução de atividades propostas nas aulas práticas de educação física. A pesquisa ocorreu a partir de um exercício etnográfico utilizando o caderno de campo e os relatos de alunos/as durante os grupos focais que ocorreram em 2014-2015 com duração de 40 minutos, tendo uma participação volátil de aproximadamente 15 estudantes. Todos/as os/as participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e o Termo de Assentimento Livre Esclarecido (TALE). Nesse sentido, é possível considerar que a Educação Física, desde sua inclusão nos currículos formais, reforça a diferenciação de gênero com base no desempenho físico e habilidade motora. Os conceitos fundamentais da disciplina acabam sendo percebidos como naturais e imutáveis, o que reforça a ideia de inabilidade das meninas em relação ao esporte. Isso é evidenciado pela associação do desempenho técnico e tático das meninas à sua sexualidade, com adjetivos pejorativos sendo utilizados pelos alunos. A falta de discussão por parte dos professores de Educação Física sobre esses comportamentos, considerando essas atitudes como simples “brincadeira”, contribui para a manutenção dessas práticas discriminatórias no ambiente escolar.