Ponencia

FLORESTA FÓSSIL DE TERESINA ENTRE A RELIGIOSIDADE E O PATRIMÔNIO ESQUECIDO

Parte del Simposio:

SP.14: Etnografiar la transformación: géneros, patrimonios y rituales en Latinoamérica

Ponentes

Anne Kareninne Souza Castelo Branco

Universidade de São Paulo- USP

O Parque Floresta Fóssil do Rio do Poti fica localizado em meio ao centro urbano da cidade de Teresina, capital do estado do Piauí- Brasil. Este parque possui um grande acervo de troncos fossilizados em posição de vida que datam de pelo menos 280 milhões de anos, além de possuir sítios arqueológicos com evidências de passagens ou ocupações por grupos originários. Outra característica que o torna importante é sua localização que é bastante acessível a comunidade para a prática de reuniões de cunho religioso. Além deste imensurável patrimônio atualmente tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Natural o IPHAN na esfera federal, ele o preserva tanto no contexto material quanto imaterial, pois o parque possui uma forte religiosidade onde encontram-se diversas manifestações de diferentes denominações que interligam a natureza e o patrimônio na figura dos fósseis e do rio. Dentre essas denominações destacam-se principalmente as doutrinas católica, protestante, umbanda, candomblé e apreciadores da natureza. Apesar da forte presença por meio de batismos, iniciações, orações e rituais com conexões a natureza, este espaço tornou-se esquecido e abandonado durante muitos anos. Diante dos contextos paleontológicos e arqueológicos existentes nesta área, foi iniciado o projeto para a construção de um museu que pretende atrair e facilitar pesquisas, buscando a proteção dos acervos ali encontrados e a revitalização do parque que passou por décadas no esquecimento pelo poder público. Porém, devido a construção está ocorrendo a perda da frequência dessas manifestações ritualísticas que é evidenciada através de relatos orais. E infelizmente não se sabe ao certo o futuro dessas manifestações, pois o local é visto como sagrado e ponto de encontro de energias para esses rituais. É necessário que não se perca estas manifestações que fazem e formam a identidade cultural da cidade, pois segundo a comunidade religiosa o parque interliga todas as zonas da cidade centralizando o poder da natureza e potencializando a força das orações e as energias. Sendo assim, o objetivo deste estudo é entender a representação e ligação deste local com a religiosidade, com os rituais e compreender como os fósseis e o rio participam desses momentos de devoção que ainda ocorrem mesmo com a construção do museu. A metodologia utilizada neste primeiro momento foi utilizar levantamentos por meio da história oral para entender como ocorrem esses rituais, considerando que muitos não são registrados e por serem pouco conhecidos e divulgados, gerando distorções e preconceitos do real significado dessas reuniões. Por fim, o estudo visa evidenciar o significado religioso que o parque possui juntamente com os seus elementos naturais e que devem ser preservados, assim como o parque necessita de um olhar mais atencioso pelo que ele representa a toda comunidade.