A proposta de comunicação aborda os desafios do ensino e da pesquisa no contexto dos cursos de licenciatura do Colégio Pedro II, inaugurados em 2020, poucos dias antes do início das políticas de isolamento social da pandemia da Covid-19. O objetivo, valendo-me de uma passagem constante do texto da proposta deste Simpósio, é pensar as ainda muito acentuadas “desigualdades no acesso e na permanência na graduação” e suas estratégicas formas de gestão. Constituídas pelos cursos de Ciências Sociais, Filosofia, Geografia e História, as Licenciaturas Integradas em Humanidades do Colégio Pedro II representam uma nova área de atuação para a tradicional instituição fundada em 1837. A fim de retomar as atividades de ensino e buscando manter uma interação mínima com os estudantes, os cursos de Ciências Sociais e Geografia firmaram uma parceria para a realização de lives semanais, denominadas Seminários Temáticos On-line. A isso se somou a realização de um programa de iniciação à docência que deram o suporte mínimo necessário para a continuidade dos trabalhos e da relação com os discentes. Os temas abordados revelaram a complexidade do campo da formação de professores, proporcionando aos estudantes o acesso a discussões dos mais variados temas, como condição do trabalho docente, pesquisa na educação básica, pedagogia decolonial, educação étnico-racial, gênero na escola, políticas públicas e reformas educacionais, racismo linguístico, impactos do ensino remoto etc. Isso afirmou a importância de formar professores da Educação Básica como intelectuais, que possuem papel ativo na reflexão sobre a educação, a instituição escolar e sua prática pedagógica. A Iniciação à Docência, por outro lado, assumiu relevância em múltiplas dimensões. Além do suporte financeiro oferecido por meio das bolsas e da oportunidade de realizar investigações, aprofundando um conjunto de discussões no primeiro período do curso, o produtivo e inevitável estreitamento de laços entre docentes e discentes ofereceu aos discentes envolvidos meios de driblar os efeitos da suspensão do ensino presencial e do isolamento social, de modo a prosseguir com o objetivo essencial: formar professores capazes não só de lecionar, mas de fazê-lo no mundo atual, diante dos seus conflitos. Digno de destaque é a pesquisa “Antropologia no currículo de Sociologia do Ensino Médio: reflexões e possibilidades”, a qual refletiu sobre a presença e a importância da Antropologia no currículo e no ensino de Sociologia na Escola Básica, tendo por campo de análise a rede estadual de educação do Rio de Janeiro, Brasil. Refletindo, pois, o foco do simpósio, desejo apresentar uma experiência educacional incidente em estudantes em contextos de desigualdade social. Traduzindo, entre outros eventos, os resultados da pesquisa que envolve a Antropologia na escola básica, debaterei os processos e relações de ensino e aprendizagem circulantes na instituição em questão, a partir do registro da experiência em tela, seus desafios e sucessos.