A feitura da pesquisa antropológica no âmbito das urbanidades amazônicas demanda, de quem se propõe a pesquisá-la, reflexões sobre as particularidades que resvalam no processo do fazer etnográfico. Assim, a itinerância urbana se desvela como uma importante forma de experienciar o campo de pesquisa, especialmente no que tange as condutas de deambulações nas dinâmicas que se apresentam em Belém do Pará. Os percursos nos quais nos aprofundaremos, aqui, são parte de duas pesquisas de doutoramento que se localizam em bairros fora da área considerada central da capital paraense, e que coadunam, a partir da experiência da etnografia de rua, diferentes formas de subverter os estímulos urbanos, sejam eles materiais ou simbólicos. Por compreenderem ruas periféricas, numa primeira instância, e depois se replicarem tanto nas práticas dos bairros, quanto na cidade dos mortos, a saber, numa das cidades cemiteriais belenenses, nos reportam às vicissitudes do campo amazônida enquanto mantenedor das narrativas e da memória itinerante da urbe, que se (re)ordena e se (re)agrupa nos mais variados contextos da metrópole. Nesta direção, a narrativa é construída no âmbito das trocas com interlocutores, mas também com e nas paisagens citadinas que transformam-se processualmente de acordo com as dinâmicas cotidianas. Estas mudanças, que podem ser tanto rotineiras – do saber-fazer -, quanto rituais – que também partem do sensível e do imaginário -, trazem especificidades para as observações de campo, que tornam-se desafios à medida em que lidamos com os imponderáveis do campo. Deste modo, apresentamos dois breves recortes de pesquisas em andamento em Belém do Pará em que a etnografia de rua se apresenta de diferentes formas: em cidades cemiteriais e ruas periféricas. Diante disso, discutiremos modos de lançar mão de investigações antropológicas que contemplam outras maneiras de compreender o ser-no-mundo a partir de contextos dissidentes, também, enquanto medida de reflexão e reelaboração epistemológica no fazer cidade.