O envelhecimento populacional é uma realidade observada em todo o mundo, e o Brasil, incluindo o estado do Ceará, não estão imunes a esse fenômeno. Nesse contexto, a feminização da velhice se apresenta como uma tendência global, evidenciada pelo fato de que as mulheres representam uma proporção significativa da população velha no país, como indicado pelo IBGE (2021). No entanto, é fundamental reconhecer que a feminização da velhice traz consigo desafios complexos, especialmente para as mulheres velhas, que enfrentam uma dupla opressão resultante da interseção entre idade e gênero. Essas questões interligadas com a raça podem afetar suas vivências e experiências de forma única e singular, demandando uma abordagem sensível e atenta para compreender as particularidades dessas trajetórias de vida. A perspectiva analítica, da interseccionalidade, estudada por Collins e Bilge (2009), permite compreender a vivência dessas mulheres. Este trabalho tem como objetivo discutir acerca do envelhecimento feminino no contexto do «Forró dos Velhos» em Cascavel/CE, considerando as particularidades e desafios enfrentados pelas mulheres velhas. A pesquisa adotou uma abordagem qualitativa, baseando-se em pesquisa bibliográfica com imersão no campo no estado do Ceará, Brasil. Foram conduzidas cinco entrevistas com mulheres mais velhas, observando como essas mulheres, no contexto do «Forró dos Velhos», encontram um espaço de sociabilidade e fortalecimento de identidade. Nesse ambiente, desafiam estereótipos negativos associados à velhice e constroem uma representação alinhada às suas aspirações e desejos. É notável a rejeição aos papéis tradicionais que muitas dessas mulheres experimentam. No passado, muitas eram socialmente condicionadas a desempenhar papéis tradicionais de gênero, como o cuidado exclusivo do lar e da família. Essa renúncia aos seus interesses individuais era uma consequência da influência da cultura patriarcal e das normas sociais que as designavam como «cuidadoras» e «esposas dedicadas». Contudo, as mulheres entrevistadas destacam que o envelhecimento delas difere substancialmente das experiências de suas avós e mães. Essas mudanças nas vivências individuais sugerem uma transformação mais ampla nas percepções sociais do envelhecimento, com potenciais implicações significativas na forma como a sociedade compreende essa fase da vida. No entanto, ainda se deparam com desafios complexos, incluindo a solidão e a falta de suporte social, agravadas pelas opressões estruturais de gênero, geração e raça presentes na sociedade brasileira. Esses obstáculos indicam a necessidade de abordagens mais abrangentes e inclusivas para enfrentar as questões relacionadas ao envelhecimento, reconhecendo e combatendo as desigualdades subjacentes.