Ponencia

Corpos e Resistências: O aldeamento da Universidade do Estado do Rio de Janeiro como um movimento decolonial.

Parte del Simposio:

SP.25: El derecho a la educación superior en AL: Desigualdades persistentes y prácticas alternativas

Ponentes

Francine Cristina de Menezes Nunes

UERJ

Kelly Cristina Russo de Souza

uerj

Introdução: Esta pesquisa, ainda em andamento, se propõe a investigar o acesso e a permanência dos estudantes indígenas na Universidade do Estado do Rio de Janeiro. A partir de suas perspectivas, procurar compreender as dinâmicas de resistência e de sociabilidade dos universitários indígenas, em contexto urbano e universitário, para a manutenção de suas identidades étnicas. Para esta pesquisa apresentaremos alguns conceitos-chave, que nos ajudarão a compreender as relações de exclusão e dominação, mas também de busca pela resistência desses povos dentro do contexto universitário. O conceito de racismo (MUNANGA, 2004; ALMEIDA, 2019), surge como uma forma hierárquica de controle, em que vai discriminar todos aqueles que não são brancos e são considerados inferiores em relação ao homem branco, europeu e patriarcal. Esse racismo vai colocar a identidade (HALL, 2006) do sujeito indígena em crise, fazendo-o querer ser aquilo que ele não é somente para não sofrer preconceito dentro dos espaços acadêmicos. Esse preconceito o levará a uma violência simbólica e até física, promovendo uma imposição para que sua identidade cultural seja apagada. Diante disso, Silvia Cusicanqui (2021) traz o conceito de decolonialidade como uma maneira de desconstruir todo o pensamento colonial que ainda existe dentro de toda América Latina e no Caribe. Esta autora defende que a decolonialidade não deve ficar apenas na fala, mas deve ser vista em nossas atitudes. O objetivo geral deste estudo é conhecer as condições de acesso, permanência e de terminalidade de estudantes indígenas na UERJ, discutindo o processo de invisibilidade que esses estudantes parecem sofrer no contexto da universidade. Metodologia: Para este seminário, apresentaremos um estudo qualitativo, a partir da metodologia de pesquisa inspirada na pesquisa-ação (Borda, 1973) envolvendo os próprios estudantes indígenas no fazer investigativo. (Borda, 2016). Resultados: Este trabalho apresenta resultados parciais de um estudo em andamento. No primeiro momento a pesquisa teve acesso aos dados internos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. A partir destes dados, buscamos contato com estes universitários indígenas e realizamos três rodas de conversas. No decorrer da pesquisa surgiu o primeiro coletivo de estudantes indígenas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, denominado Yandé Iwí Mimbira (“Nós filhos da Terra” em língua Nheengatu). Conclusão: consideramos que as experiências e as dificuldades que os estudantes indígenas encontram ao acessar a Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ e também os desafios que se deparam para permanecerem nela, permitem uma discussão sobre como o contexto da universidade apresenta uma estrutura colonial que acaba por reforçar o preconceito contra universitários indígenas, mesmo quando utiliza recursos como as ações afirmativas ou cotas para incluí-los dentro do espaço acadêmico.