Ponencia

Corporalidades, Saúde, auto atenção e autocuidado: Um paralelo entre pessoas adoecidas em atendimento paliativo e mulheres indígenas da UFG

Parte del Simposio:

SP.20: Problemas, debates y desafíos actuales en el campo de la antropología de la salud latinoamericana

Ponentes

SELMA CRISTINA DOS SANTOS

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

As situações de adoecimento, com mais ou com menos gravidade, é uma realidade posta a todos os povos. Porém a forma de lidar com esta situação assume contornos distintos em diferentes sociedades, aja visto que o significado das doenças e do adoecimento são construídos socialmente, bem como a maneira de lidar com as dores que este processo traz (Helman, 2003). Ciente desta realidade é que proponho apresentar como a doença é vista, vivida e sentida em dois universos distintos – na Associação de Combate ao Câncer de Goiás (ACCG) e no Curso de Licenciatura em Educação Intercultural, do Núcleo Takinahaky de Formação Superior Indígena (NTFSI) da Universidade Federal de Goiás (UFG). É do lugar de pesquisadora/voluntária envolvida entre esses dois mundos que proponho analisar em que medida, esses dois universos, se intercruzam ou se excluem as práticas de cuidado, de auto atenção e de autocuidado. E qual a relação existente entre estas práticas e o modo social de lidar com as doenças, a dor, a corporalidade. Tendo como ponto de partida as pesquisas realizadas nestes dois universos, proponho mostrar como as pessoas expostas a situações de vulnerabilidade e sofrimento social respondem às demandas relacionadas a adoecimentos. Trazendo relatos das vivências em campo, mostrar que, nos dois universos, quando a situação financeira não garante condições de acesso a tratamento médico-farmacêutico, os laços de parentesco, vizinhança, compadrio asseguram os cuidados necessários. São também as experiências de campo que permitem apresentar a mistanásia (Anjos,1989) como uma realidade muito próxima, e apontar as redes alternativas de cuidado, de auto atenção e autocuidado como uma forma de insurgência, em um mundo que prega individualismo, indiferença, disputa. Estas redes alternativas acabam sendo respostas ao sofrimento, ao desconforto e ao adoecimento. São estratégias de atenção, cuidado, apoio e proteção. Se tornam mecanismos para enfrentar, resistir ou transformar condições de vulnerabilidade e exclusão social.