Os espaços ocupados pelos/as sujeitos/as nos espaços escolares expressam organizações hierarquizadas de papéis engendrados em e pelos corpos, onde as discussões sobre gênero e sexualidade “surgem” como elementos que questionam as marcações desses lugares, sejam eles direcionados pela profissão, seja pela compreensão do ideal de “masculino” e de “feminino”. O processo de construção etnográfico em ambientes escolares visibiliza as intersecções de saberes e de representações que os/as sujeitos/as constroem na elaboração de significados de ações e reconhecimentos, as quais são compartilhadas pelo coletivo que se sente pertencente. Nesse sentido, o corpo percebido como produção discursiva “direciona” as produções das teias de significados compartilhados dentro de um repertório de representação, que por muitas vezes são reproduzidas, atualizadas e deslocadas, no cotidiano escolar ao mesmo tempo por estes/as sujeitos/as. Adentrar o cotidiano escolar e construí-lo como campo de visibilidade das produções de gênero, das marcações das diferenças e das construções sobre e no corpo tem se apresentando frutífero a uma compreensão da etnografia na escola. Desse modo, este estudo corresponde a um escrito etnográfico das vivências nos espaços escolares a partir das disciplinas de sociologia e educação física nos níveis de ensino fundamental e médio de escolas públicas dos municípios de São Luís e Pinheiro, no Estado do Maranhão. As narrativas produzidas e analisadas são constituintes do fazer pedagógico dos/as autores/as como professores/as de educação básica, assim situamos e localizamos nossas experiências partindo dos construtos análiticos sobre corporeidade, gênero e sexualidade atravessando o fazer pedagógico colaborativo e disruptivo das normativas gênero-centradas, assim tensionamos as fronteiras disciplinares e ampliamos discursivamente nossas projeções de aprendizagem. Como mobilizadoras teóricas utilizamos as autoras María Lugones, Judith Butler, Guacira Louro, Bell Hooks entre outras para alinhavar as narrativas na tessitura do texto cotidiano. Durante o processo de sistematização, percebemos que a construção dos momentos de debates e a demarcação de espaços de segurança para o acolhimento e a escuta dos/as estudantes/as tem se estabelecido como uma fissura no espaço da escola que permite, pelas frestas, executar as discussões sobre gênero, sexualidade, interseccionalidades e corpo na educação básica