Ponencia

“Comida de pescador”: a valorização das tradições alimentares regionais da comunidade de pesca de Farol de São Thomé, RJ

Parte del Simposio:

SP.18: Um olhar socioantropológico sobre os modos de comer e viver na América Latina e no Caribe

Ponentes

Chrislaine Oliveira

UENF

Lilian Ságio Cézar

O trabalho aqui apresentado é um recorte da minha pesquisa de mestrado que tem como objetivo analisar a cultura alimentar a partir das memórias de pescadoras, delimitando os hábitos alimentares que compõem a identidade culinária local das comunidades tradicionais de pesca artesanal da praia de Farol de São Thomé, localizada no município de Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense. Como recurso metodológico recorreremos às entrevistas narrativas para abordarmos as memórias referentes aos hábitos alimentares das mulheres pescadoras que residem nas comunidades pesqueiras relatadas em entrevistas semi estruturadas sobre seu modo de vida e suas trajetórias na pesca, dando destaque à alimentação, aos sabores e saberes e aos pratos que são feitos até hoje, questionando se estes marcam, de alguma forma, as identidades alimentares destas comunidades. Diante deste contexto, foram escolhidas como interlocutoras moradoras da Vila de Pescadores em Farol que participam do Projeto de Educação Ambiental (PEA) PEA Pescarte/UENF. Argumentamos que a alimentação e seus significados não podem ser compreendidos dentro de uma visão de mundo marcados apenas por indicadores que estão ligados apenas ao campo biológico e nutricional. Todo comportamento relacionado à comida quando são associados aos saberes, à tradição, à história, técnicas e as práticas das culinárias de um povo revela a cultura em que cada um está inserido numa determinada região. Desta forma, tudo que é comido está condicionado aos códigos sociais e aos valores culturais, ou seja, a sua identidade, podendo ser percebida como marcador étnico, aquele que é capaz de identificar um local ou uma localidade. Neste contexto, ressalta-se o papel da mulher pescadora que, para além de seus trabalhos na cadeia da pesca (pré captura, captura e pós captura), elas também são responsáveis pela transmissão, perpetuação dos modos de vida associados às comunidades pesqueiras e, assim, mantenedoras das tradições culturais da pesca artesanal, mais precisamente, no que se refere a saberes e fazeres culinários.