Este trabalho se propõe a refletir acerca da importância do fortalecimento da identidade racial negra. A partir das análises críticas da realidade são abordados aspectos associados ao colorismo e às intersecções entre as identidades raciais e territoriais nos processos das Diásporas Africanas.
Ao analisar os Direitos Humanos na América Latina se faz necessário realizar, inevitavelmente, um debate anterior, que envolve a noção de humanidade para as pessoas negras. Nesse sentido, são enunciados aspectos que evidenciam os diversos fenótipos de pessoas negras, inclusive como reconhecimento da humanidade, diversidades e especificidades.
O racismo é um fundamento estruturante para a criação do sistema capitalista, tendo em vista que o colonialismo não existiria sem o racismo como instrumento de dominação. Assim, a luta contra o racismo deve ser historicizada, destacando como o racismo estrutural colaborou para proporcionar a acumulação primitiva, fundamentada na escravização de pessoas negras e indígenas, conforme debate Walter Rodney no livro “Como a Europa subdesenvolveu a África” (RODNEY, 1975).
O projeto de apagamento das identidades raciais, criado e estimulado pela branquitude, visa perpetuar a falácia da democracia racial, contribuindo para continuidade do racismo.
Desta forma, é extremamente necessário colaborar para a produção do arcabouço teórico e metodológico para compreensão do racismo estrutural, constituído nas sociedades contemporâneas.
Esse trabalho traz, ainda, o debate acerca do colorismo associado aos “não-lugares”, apresentando e marcando o lugar dos diversos fenótipos negros, com o objetivo de evidenciar a racialização destes lugares. Analisando o apagamento das identidades raciais negras, realizada a partir do mito da democracia racial e do tribunal do colorismo.
Busca-se realizar também uma reflexão dentro da comunidade negra, para que enquanto pessoas negras retintas e não-retintas, possamos enfrentar juntas as múltiplas facetas do racismo. São apresentadas estratégias de enfrentamento ao racismo e para o fortalecimento da identidade negra, a partir da categoria Améfrica Ladina, desenvolvida por Lélia Gonzalez, enquanto uma metodologia de análise e de transformação da realidade.
Desta forma, são apontadas metodologia de transformação da realidade, através da análise crítica e projetos de resistências e insurgências, que colaborem para o enfrentamento do racismo, comprometidos com o fortalecimento da identidade negra.
Esta pesquisa busca debater acerca do colorismo no Brasil, analisar as especificidades raciais e territoriais, apresentando metodologias de fortalecimento das identidades negras e enfrentamento ao racismo.
Este trabalho busca trazer a reflexão acerca das especificidades dentro da diversidade presente na categoria negra/o, trazendo a relevância das contribuições dos povos africanos e dos povos indígenas na constituição dos fundamentos estruturantes desta sociedade, que é a Améfrica Ladina. Nesse sentido, esta pesquisa contribuirá para colaborar com a visibilidade dessa importante discussão, buscando trazer um olhar que reconheça o meu lugar de fala e trazendo a perspectiva de outras pessoas negras. Esse é um convite e uma busca para visibilidade da existência e resistência dessas pessoas. Nomeando, assim, questões que merecem atenção e reconhecendo as especificidades do colorismo neste território.