Ponencia

Coletivo Acidum Project no Festival Além da Rua: arte pública e a pretensão de embelezamento

Parte del Simposio:

SP.61: Juventudes, Cidades e Imagens

Ponentes

Francisca Diulyanne de Alencar Silva Braga

Universidade Federal do Ceará

Esta pesquisa tem o propósito de interpretar do ponto de vista antropológico as práticas artísticas do coletivo Acidum Project que, através da décima edição do Festival Além da Rua, contribuiu para o uso da pintura em reservatórios elevados na cidade de Fortaleza-Ceará como instrumento de intervenção na paisagem urbana. Este projeto viabilizou a ação de marketing cultural em parceria com a empresa Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), no sentido de atrair jovens artistas que fizessem a inscrição de sua “marca pessoal” em função de um pretenso “embelezamento” dos espaços urbanos. Importante mencionar que a importância da atuação deste coletivo tem recebido reconhecimento na produção artística cearense desde 2006. A difusão do trabalho dos idealizadores pelas redes sociais contribuiu para que assinassem em murais de vários países, inclusive da América Latina, além do fomento da formação e fruição cultural para o público juvenil da rede pública de ensino através do Laboratório Acidum (desenvolvido pela Instituição Povo do Mar-IPOM). O presente estudo tem o objetivo de verificar especulativamente o signo da evidência na compreensão da arte de rua, com conotações morais, estéticas e físicas, que culminou na afirmação das práticas de limpeza no cotidiano da cidade. No sentido de interpretar a lógica simbólica a partir da observação empírica, a metodologia desta investigação está baseada no uso de entrevistas e da observação do cotidiano onde brota o experimentalismo de inspiração urbana do coletivo Acidum, seus trânsitos e parcerias público-privadas. O resultado parcial atingido corresponde em princípio ao repertório discursivo que agrega valor de crença no conjunto das proposições e das representações do fazer artístico. Especialmente no que diz respeito à apropriação de áreas consideradas “estéreis”, aformoseando o espaço com a grafia da criação. O debate teórico que orienta o percurso antropológico em andamento baseia-se sobretudo na contribuição de Marc Augé, Tim Ingold e Néstor García Canclini para compreender, entre outros fenômenos caros a este estudo, como as relações humanas costumam enraizar-se simbolicamente no espaço físico agregando variados significados.