A partir de uma perspectiva da Geografia Política/da Internet e da Antropologia Digital, o referido trabalho faz uma análise acerca do surgimento e da articulação do movimento político contemporâneo denominado de bolsonarismo, suas consequências para o campo da política brasileira e sua estreita relação com o território digital (DUARTE, 1999). Em um primeiro momento, partiu-se de uma perspectiva geográfica para cristalizar a compreensão do conceito de território digital (DUARTE, idem), compreendido, aqui, como um espaço o qual é produzido a partir de uma totalidade virtual, o ciberespaço, estando diretamente atrelado com relações de poder, política, econômica, cultural e social (BICALHO, 2016). Em um segundo momento, teve-se uma investigação acerca da conceituação do bolsonarismo, o qual é entendido, dentro da perspectiva deste estudo, como um alinhamento ideológico de extrema direita baseado em valores como o liberalismo, negacionismo, conservadorismo, religião, pátria, família, além de defesa a propriedade privada e críticas à esquerda e ao Partido dos Trabalhadores (PT) (RENNÓ, 2022). Tal movimento político está associado, até o presente momento, ao Ex-Presidente da República Federativa do Brasil, Jair Messias Bolsonaro. No que tange ao percurso metodológico, o estudo parte de um levantamento sistematizado da literatura para compreender os conceitos chave da pesquisa, além de contar com a Antropologia Digital, com ênfase para a netnografia (KOZINETS, 2014), a qual foi utilizada na investigação do objeto da pesquisa, o bolsonarismo, buscando a compreensão e à representação etnográfica desse movimento político cultural na Internet. Os resultados alcançados demonstram que as fake news e teorias conspiratórias compartilhadas em grupos bolsonaristas foram adotadas como estratégias política dentro do ciberespaço para disseminar, de forma massiva, seus valores e interesses ideológicos aproveitando-se do dinamismo presente nas redes digitais no que tange a circulação de informações, influenciando o processo eleitoral que é um reflexo, também, deste espaço virtual (SILVEIRA; ROSA; SOUZA, 2022). Também foi possível pontuar que Jair Bolsonaro, assim como sua base eleitoral, os bolsonaristas, ganharam visibilidade através do populismo digital (SCHWARCZ, 2019) presentes nas redes sociais. Misturando “humor”, ironia e extremismo, esses sujeitos conseguiram proliferar mais ainda suas pautas conservadoras no território digital (MASSUCHIN, 2022), expressando suas territorialidades virtuais (FRAGOSO;REBS; BARTH, 2011) no ambiente on-line. Ademais, almeja-se com esse estudo uma contribuição para o debate acadêmico, especialmente no que está relacionado a investigações sobre o território digital e sua relação emergente com movimentos políticos e seus impactos para a política brasileira, focando na ampliação da Geografia política e da Antropologia Digital, principalmente no contexto latino-americano.