Os estudos de gênero tem sido um caminho adotado pelo grupo de estudos de gênero, memória e identidade (GENI), desde 2001. Nesse sentido, esta proposta tem como objetivo apresentar as contribuições das produções sobre
gênero no Maranhão e no Pará, a partir dos estudos e pesquisas desenvolvidos pelo GENI, da Universidade Federal do Maranhão em seus 22 anos de atividade. As interlocuções são construídas em diversos olhares, que perpassam o fazer pós-estruturalista e decolonial das pesquisas desenvolvidas pelas pessoas que são integrantes do grupo, evidenciando fazeres das Ciências Humanas e Sociais, especialmente a Antropologia, Sociologia e Psicologia, nos referidos Estados. Neste sentido, abordaremos temáticas envolvendo cinema documental e as produções discursivas de gênero; discursos sobre violência de gênero nos jornalismos regionais; as produções de gênero no cotidiano escolar; e problemáticas relativas à gênero, Direito e maternidades dissidentes. O caminho escolhido para o processo de sistematização das produções recai sob o construto etnógrafo e das escritas a partir das vivências de pesquisa (as escrivivências) de cada pesquisadora. Os trabalhos analisados foram produzidos entre os anos de 2015 e 2021, nos períodos de pós-graduação (mestrados e doutorados) orientados por Sandra Maria Nascimento Souza. Assim, é possível viabilizar debates sobre discursos generificados que são produzidos em regiões invisibilizadas em cenário nacional, no caso, Norte e Nordeste, em uma relação decolonial e situada, dos campos de produção entre o que seria centro e periferia. Deste modo, discutir experiências de corpos reconhecidos como desviantes ou dissidentes aos padrões culturais inteligíveis, próprios ao referencial cisheteronormativo, nestas regiões, possibilita um olhar mais atento às demandas locais sobre tais problemáticas e a compreensão de que narrativas estão sendo produzidas, além do reconhecimento de produções de gênero que circulam nestes contextos. As contribuições do GENI para os entendimentos de gênero no Maranhão e Pará tem mobilizados chaves de leitura sobre uma realidade que possui especificidades culturais e regionais distintas dos espaços de poder autorizados, constituindo como ponto de partida e de conexão para produções colaborativas e outsides, tensionando as fronteiras da abjeção epistêmica sudestina.