Ponencia

As Desigualdades escolares e as tecnologias utilizadas no Centro de Ensino Humberto de Campos – MA no período da pandemia/Covid-19.

Parte del Simposio:

SP.21: Experiencias educativas y escolares de jóvenes en contextos de desigualdad social. Debates y reflexiones desde la investigación antropológica

Ponentes

Andréa Joana Sodre de Sousa Garcia

Ana Carolina Torrente Pereira

Universidade Federal do Maranhão

Alex Reis Barroso

Rarielle Rodrigues Lima

Universidade Federal do Maranhão

O presente trabalho trata da desigualdade escolar e sobre as tecnologias utilizadas durante as aulas remotas, iniciadas com a pandemia de COVID-19 em 2020, como proposta de continuação da aprendizagem dos discentes do ensino médio. Para tanto, analisa a conjuntura e como os estudantes e professores comportaram-se diante das várias ferramentas e plataformas disponíveis para as aulas remotas. Faz ainda uma reflexão sobre os estudantes que não possuem internet, nem aparelhos eletrônicos para participar das aulas, encontrando-se dessa maneira excluídos desse processo educacional. Estratégias como entrega de roteiros de conteúdos por disciplinas tentam minimizar o abismo que só cresce entre os estudantes, em especial os mais pobres e vulneráveis, que não possuem condições mínimas para aprender sem acompanhamento de professores. Dessa forma trazemos uma análise da situação e das dificuldades enfrentadas pelos estudantes e professores do Ensino Médio da rede pública estadual do Maranhão, no contexto de pandemia vivido em 2020. Serão analisados dados e relatos de professores e estudantes do Centro de Ensino Humberto de Campos (CEHC), escola da rede pública estadual, localizado no Bairro de Fátima, no município de São Luís, capital do Maranhão. A pesquisa foi realizada em dois momentos através da plataforma do Google (Google Forms ): um em abril de 2020 (com 122 estudantes) e o segundo em março de 2021 (com 40 estudantes e 14 professores), com perguntas fechadas e abertas sobre o uso das tecnologias e acesso à internet. Tendo como ponto principal a relação entre as desigualdades educacionais/sociais e as tecnologias que foram utilizadas durante as aulas remotas, o presente trabalho, analisou os modelos adotados pelas escolas públicas e particulares para minimizar os impactos da pandemia na educação e garantir a aprendizagem dos estudantes. Todavia, percebeu-se, na escola pública, que a realidade dentro dessa nova forma de ter aulas demonstrou-se, também, excludente para estudantes que não possuem internet e/ou aparelhos eletrônicos que suportem os aplicativos e plataformas utilizados durante as aulas remotas. Essa desigualdade social e educacional já era percebida nas aulas presenciais, porém aumentaram e tornaram-se mais nítidas, porque saímos do espaço físico da escola, onde aparentemente todos tinham as mesmas oportunidades. O que já não é possível maquiar com as aulas remotas, pois estudantes durante o distanciamento proposto pelo Estado, afastaram-se quase que totalmente da escola. A observação realizada pelos estudantes e professores é que deve haver maior investimento em capacitações e formações sobre a utilização de plataformas nas aulas. Além, é claro, de se pensar políticas que na sua concretude possam minimizar as grandes desigualdades sociais e escolares que temos em nosso estado. Entende-se que tais desigualdades foram criadas historicamente, com a espoliação de recursos dos mais pobres, com a retirada de oportunidades daqueles que são vistos muitas vezes como não humanos (KRENAK, 2020) e também com o crescimento do capitalismo e neoliberalismo que produzem e reproduzem, através das instituições, ideias e ações que só garantem privilégios aos que possuem poder.