Ponencia

Arqueologia do presente e colaboração no Território Indígena Kariri de Serra Grande- PI.

Parte del Simposio:

SP.14: Etnografiar la transformación: géneros, patrimonios y rituales en Latinoamérica

Ponentes

Anna Gabriella Silva Vaz Barreto

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO- BRASIL

O estudo em questão faz parte da tese de doutoramento que visa restabelecer um olhar sobre arqueologia do presente, uma área da etnoarqueologia que prioriza a compreensão das conexões entre pessoas e coisas arqueológicas e pretende dedicar maior atenção à população estudada, é definido como o estudo da materialidade nos mais diversos contextos socioculturais (GONZÁLEZ-RUIBAL, 2009). Desta maneira, a etnoarqueologia é uma prática arqueológica que pode ser entendida como um campo de estudo voltado para a obtenção de referências etnográficas como base para a interpretação da arqueologia do passado e do presente (SILVA, 2021). Assim rompendo a premissa de que a arqueologia é uma ciência que estuda apenas o que aconteceu em tempos passados. A pesquisa está sendo desenvolvida com a comunidade indígena Kariri da aldeia Serra Grande, esse sendo o primeiro Território Indígena (T.I.) do Estado do Piauí, tendo posse da terra no ano de 2021, ela fica localizada a 24 km do município de Queimada Nova. A comunidade tem cerca de 20 anos e atualmente a liderança é feita pela cacica Francisca Kariri, no qual ela lidera cerca de 40 famílias. O T. I. faz divisa com os Estados do Piauí, Pernambuco e Bahia. Nas proximidades do território fica localizado o maior Complexo Eólico em operação da América do Sul. Por conseguinte se buscará compreender as as realções que essas populações têm em torno dessas novas tecnologias energéticas que passaram a fazer parte do seu cotidiano, levantando-se alguns questionamentos sobre a legislação, meio ambiente, arqueologia, o impacto positivo e negativo da instalação. Será desenvolvida uma pesquisa etnoarqueológica colaborativa que visa as variadas interações entre arqueóloga e comunidade, fazendo um alinhamento sobre os contextos, expectativas, objetivos e aspirações de ambos os lados. Enfatizando as falas dos indígenas e suas histórias, conhecendo suas relações com a sua etnicidade, com a materialidade arqueológica, evidenciando a relação entre os sítios arqueológicos presentes no território e entorno, a exemplo os sítios arqueológicos são considerados por eles, os locais onde seus antepassados viveram e/ou passaram, relatam que as pinturas rupestres foram feitas para mostrar aos outros grupos que eles haviam passado por lá, assim eles associam como um refúgio de passagem, um registro em momentos de fugas, relatam sobre as fontes de águas que ficam na parte baixa da Serra, essa remete as memórias de suas avós, espaço no qual suas antepassadas foram levadas pelos “colonizadores”. Os vestígios arqueológicos são coisas que acumulam significados e são interpretados de diferentes formas, estando ligados as relações e experiências. Dessa maneira a etnografia e a colaboração enriquecem a prática arqueológica e contribui para a resolução das demandas dos povos originários, assim ajudando a escrever uma narrativa descritiva sobre seu povo.