Ponencia

Ações de afirmação cultural e de valorização do espaço museológico do MAUC: um estudo antropológico.

Parte del Simposio:

SP.56: Antropología en/desde/de los museos: perspectivas críticas, transformaciones y desafíos

Ponentes

Ubiracy de Souza Braga

Universidade Estadual do Ceará

Francisca Diulyanne de Alencar Silva Braga

Universidade Federal do Ceará

Esta proposta de trabalho quer refletir, do ponto de vista antropológico, sobre as metodologias inclusivas e multidisciplinares desempenhadas ao longo dos últimos anos pelas equipes gestoras do Museu de Arte da Universidade Federal do Ceará (MAUC). Este equipamento de tipo acadêmico foi fundado por Antônio Martins Filho (1904-2002) em 1961, integrando uma das ações mais significativas de promoção à cultura registradas em seu Reitorado. O movimento “pró-fundação” inaugurou no Estado do Ceará-Brasil um processo colaborativo em razão do desenvolvimento da cultura, preservação da memória e fomento à circulação artística. Importantes nomes das artes plásticas cearense foram de fundamental importância para a concretização do espaço público onde se edificou o referido museu. Contando com a influência de Heloísa Juaçaba (1926-2013), Jean-Pierre Chabloz (1910-1984), Antônio Bandeira (1922-1967) e demais artistas “escapianos”, cujas obras pertencem ao seu acervo permanente de exibição. Verificou-se que desde a última década houve uma virada referencial de valorização das obras que fazem parte das salas das exposições permanentes e do material incorporado trazidos das culturas “erudita” e “popular”. Ambas refletem as marcas de distinção de um projeto museológico universitário que busca compreender o “universal pelo regional”. Além disso, o estímulo à inversão dos valores que tomavam os exemplos da xilogravura e das rendas de bilro como artes de menor prestígio deu visibilidade ao compromisso da instituição para com a diversidade cultural. O objetivo desta pesquisa etnográfica é alcançar uma compreensão das mudanças abrangentes e multidisciplinares que deram ao MAUC uma característica de renovação metodológica. Em primeiro lugar, adequando os espaços físicos e das relações humanas à inclusão social (acessibilidades táteis, construção de rampas, sinalização, linguagem de sinais, audiodescrição do acervo, etc.). E, também, a análise das estratégias de gestão que fazem do museu um local propício para refletirmos sobre as mudanças sociais caras ao estudo antropológico, inclusive ressaltando a dinâmica pluridisciplinar que tem dado cada vez mais importância à integração de profissionais das mais variadas áreas de conhecimento, além da formação complementar em história da arte, restauro e conservação do patrimônio histórico-cultural do Ceará destinada aos estudantes bolsistas. O percurso da nossa pesquisa priorizou uma abordagem de análise documental conjugada com a observação participante. As entrevistas formam parte fundamental desta investigação, de forma a permitir aos informantes um maior protagonismo dentro da discussão que tem alcançado as últimas e mais significativas mudanças no cenário em questão. Esta pesquisa, por fim, tem a intenção de inserir o presente exame analítico numa dimensão crítica que debata os principais desafios que alcançam a realidade brasileira e latino-americana em torno do trabalho museológico.