Ponencia

“A Universidade também é nossa!”: ativismo, produção de conhecimento e a democratização do ensino superior brasileiro

Parte del Simposio:

SP.25: El derecho a la educación superior en AL: Desigualdades persistentes y prácticas alternativas

Ponentes

Guilherme Oliveira

Universidade Estudante de Campinas

As décadas passadas foram marcadas por intensas transformações no ensino superior em relação principalmente ao aumento do ingresso de estudantes oriundos de grupos historicamente marginalizados nas universidades públicas brasileiras. Com a formulação da política de reserva de vagas institucionalizada pelo Estado brasileiro em 2012 através da Lei 12.711, esses sujeitos passam a ingressar com mais expressividade nas universidades, modificando de modo decisivo as paisagens dessas instituições de ensino. Nesse contexto, a frente que tenho pesquisado atualmente lança luz no ativismo negro universitário protagonizado por estudantes negros organizados através de formas contemporâneas de organização política, os Coletivos Negros. Meu campo de pesquisa é na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), universidade pública, situada na cidade de Campinas, que está localizada no interior do estado de São Paulo, na região Sudeste do Brasil e que é famosa porque foi a penúltima instituição pública do país a adotar as cotas raciais como uma das modalidades de política de ação afirmativa que garante o ingresso da população negra ao ensino superior. Atualmente realizo meu doutoramento no Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais na mesma instituição, fazendo uma etnografia online e offline das ações políticas desenvolvidas pelos Coletivos Negros. Como forma de existir e resistir na universidade, os estudantes negros que ingressam no superior principalmente pela modalidade das cotas raciais nos cursos de graduação e também em alguns cursos de pós-graduação, se organizam social e politicamente dentro da UNICAMP lutando por mais reconhecimento e valorização de seus corpos nesse ambiente, mais espaço nas arenas decisórias da universidade onde reivindicam maior participação política e lutam pela democratização do ensino superior. Em uma teia complexa de disputas e negociações onde circulam vários atores políticos, compreendi com o trabalho de campo que os Coletivos Negros tensionam o status quo das universidades, disputando a instituição contra grupos hegemônicos, propondo outras e novas formas de produção de conhecimento e fiscalizando as políticas públicas de ação afirmativas racialmente orientada para que esse ganho político estratégico para o movimento social negro não se perca. Diante do agitado cenário social e político que se apresenta hoje na universidade, tentamos com esse trabalho responder a seguinte pergunta: estaria a Universidade Estadual Campinas preparada para lidar com a diversidade de sujeitos presentes na instituição?