Esta comunicação pretende compartilhar os resultados parciais de uma investigação desenvolvida desde junho de 2022 no Distrito Federal – Brasil – sobre performances narrativas de crianças imigrantes e refugiadas, com foco nos desafios de sua escolarização no Brasil. Este projeto dá continuidade às pesquisas que temos desenvolvido desde 2013 em escolas públicas do Brasil, da França e de Portugal. Nestas, são realizados, por meio de linguagens artísticas, experimentos teórico-práticos sobre o protagonismo das crianças, numa parceria entre as próprias crianças e estudantes-pesquisadoras de graduação e pós-graduação em Artes Cênicas e Antropologia da Universidade de Brasília, adotando como eixo transversal a questão da diversidade cultural no espaço escolar. Todos os resultados do projeto até o momento, tais como materiais didáticos, vídeos, artigos, livros, estão disponíveis no site www.criancasprotagonistasunb.com. Em termos metodológicos o projeto se desenvolve por meio de um formato de pesquisa que temos chamado de “etnográfico-performativa”, em processos de escuta das crianças e de partilhas com base em experimentações artísticas (jogos teatrais, improvisações, contação de histórias, produção de vídeos e podcasts pelas próprias crianças, etc). Neste momento nossas principais interlocutoras são crianças refugiadas venezuelanas residentes no Centro de Acolhida Casa Bom Samaritano, localizada em Brasília – DF. A Casa acolhe por até 90 dias famílias venezuelanas em processo de interiorização no Brasil, no âmbito do Projeto Acolhidos pelo Trabalho, implementado pela AVSI/Brasil em parceria com o Instituto Migrações e Direitos Humanos (IMDH)/Fundação Scalabriniana. A frase que dá título a esta comunicação é de autoria de Mariana (nome fictício), de 9 anos, moradora da Casa, e foi pronunciada quando ela nos contava sobre seu ingresso na escola brasileira. Depois de passar por várias provas de nivelamento, ela foi matriculada em uma classe dois anos abaixo da que cursava em seu país de origem. Ao enfatizar as experiências migratórias vividas e narradas pelas próprias crianças, a pesquisa pretende ampliar o debate sobre o papel da escola na integração dos pequenos imigrantes, bem como contribuir para a elaboração de políticas públicas para o acolhimento e escolarização dessas crianças no Brasil.