Ponencia

A Sombrinha da pajé amazônica contra o marco temporal: ativismo e performance de

Parte del Simposio:

SP.36: Luchas colectivas de las mujeres en América Latina en defensa del territorio y en contra de los extractivismos

Ponentes

Ana Cristina Silva Souza

Universidade Federal do Pará

Ana Cristina Silva Souza

Universidade Federal do Pará

Diogo Jorge de Melo

UniversidadeFederal do Pará

Marcos Henrique de Oliveira Zanotti Rosi

O trabalho se desenvolve a partir das memórias e performances de Naraguassu Pureza, uma mulher amazônida, educadora social e pajé. Possuidora de uma marcante representação visual, devido a sua indumentária com as quais performatiza e milita na cidade de Belém. Destacamos que compreendemos a performance a partir de Paul Zuntor não só como um ato de comunicação, mas como categoria cuja função poética ressalta o modo de expressar a mensagem num dado contexto social, uma experiência histórico-cultural com o uso do corpo e da voz. Suas atuações, sejam elas culturais, sociais e políticas, nos desvelam um complexo de realidades, no qual estamos nos aprofundando, principalmente elucidando suas questões pessoais e sua trajetória de Afuá no arquipélago do Marajó para a capital paraense. Suas roupas costumam ser coloridas, com tons claros e quentes, sempre adornadas com bordados e pinturas, como grafismos marajoaras ou elementos da natureza amazônica, produzidos artesanalmente. Seus acessórios são o que podemos compreender como étnicos, compostos por colares de sementes, resinas, penachos e tapeçarias. No entanto, uma das suas marcas registradas é a sobrinha, a qual sempre carrega. Adornada com diversos elementos, possui muitas fitas coloridas e letras costuradas, dentre outros elementos, registram graficamente a sua militância, como a escrita “não ao marco zero”. Questão que assumiu ultimamente como uma das suas frentes de batalha, mas esta não é a única, por exemplo, milita questões culturais, de gênero e principalmente em prol das crianças. Nesse contexto, buscamos reconhecer suas redes de sociabilidade e influências, que demarcam suas atuações nos movimentos sociais e culturais da cidade. Já que as suas ações públicas, por meio de sua performance, destacam a sua presença por meio da visualidade, que imageticamente denunciam suas questões e impactam socialmente. Em plenas multidões, como o Auto do Círio, em cortejos de bois-bumbá, passeatas e manifestações, de longe vemos sua sombrinha, demarcando território, enfeitando a cidade e fazendo suas denúncias sociais. Por este fato, reconhecemos sua sombrinha como um instrumento de luta e de resistência cultural, pois às vezes deixa o maracá, instrumento impunhado pelos pajés, e empunha sua sombrinha, com beleza e maestria social. Com ela dança, se diverte, evoca o espiritual e convoca os participantes para as suas indignações. Pois para ela, estar no mundo, como mulher amazônida, se configura em atos cênicos, performativos, lutas, na busca de transformações sociais
Palavras-Chave: Memória, Mulher, Pajelança Urbana, Amazônia