As imposições trazidas pela pandemia do vírus Sars-CoV-2 evidenciaram como os jovens têm vivenciado e interpretado suas experiências emocionais. A vulnerabilidade emocional e psíquica nesse grupo, enquanto um fenômeno social amplamente discutido atualmente, é criada e recriada pelo contexto em que esta vulnerabilização ocorre. Para desvincular estas experiências das concepções deterministas que envolvem os discursos sobre as juventudes, bem como para desomogeneizar as experiências dos jovens em meio a pandemia, observo a vulnerabilização emocional dos jovens como correlacionada às circunstâncias sociais, culturais e históricas. Neste sentido, não há como analisar as experiências emocionais e psíquicas dos jovens no contexto brasileiro da pandemia sem observar a crise sanitária no Brasil como um cenário de ascensão das políticas neoliberais e extremistas, que tem como consequência o aprofundamento das vulnerabilidades sociais e o reforço do discurso individualizador do sofrimento. Apesar de os sentimentos e as emoções dos jovens ganharem contornos que os ligam às enfermidades da mente, esses contornos são dados não em razão de um “fato” em si, mas de uma interpretação. Assim, na pesquisa que aqui apresento, pude analisar como determinadas interpretações individualizantes foram reproduzidas nas narrativas dos jovens interlocutores, sem deslocá-las das conjunturas em que foram construídas. Trago aqui os principais pontos observados e discutidos em pesquisa etnográfica sobre a experiência emocional dos jovens durante e após a Pandemia no Brasil. Esta pesquisa foi desenvolvida durante o meu Mestrado em Antropologia na Universidade Federal de Sergipe (UFS) a partir do meu contato em campo com os jovens da graduação da UFS. Com essa aproximação ao campo, observei as experiências emocionais analisadas enquanto um dos resultados da vida e das interações sociais que foram estabelecidas para as juventudes durante as crises vivenciadas no Brasil dos últimos anos. A busca aqui foi por observar os jovens, a partir de suas narrativas, não como parte de uma massa de pessoas vistas individualmente como adoecidas, mas sim como um grupo que tem sido massivamente afetado emocionalmente por estarem cada vez mais submetidos às relações de poder, à precarização e à opressão.