Ponencia

“A menina do chocolate”: Trajetórias sociais, memórias e itinerários urbanos de trabalhadoras ambulantes em Belém/PA

Parte del Simposio:

SP.38: Antropologías Latinoamericanas del trabajo: pendientes, agenda de trabajo y desafíos

Ponentes

Luísa Maria Silva Dantas

Universidade Federal do Pará

A cidade de Belém, capital do Estado do Pará, localizada na Região Norte e na Amazônia brasileira possui um índice muito alto de trabalho informal – aproximadamente 60% da população ocupada. De acordo com o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia – INCT (2022), na Região Metropolitana de Belém – RMB (Belém, Ananindeua, Marituba, Benevides e Santa Isabel do Pará) 36% da sua população (em torno de 817 mil pessoas) vivem em situação de pobreza, com mais de 197 mil pessoas, 8,5% da população, vivendo com R$ 160 reais ou menos por mês na capital paraense, que é a quinta com maior desigualdade social, depois de Aracaju (SE), João Pessoa (PB), Natal (RN) e Salvador (BA). Diariamente é possível avistarmos pelas ruas grande quantidade de trabalhadoras e trabalhadores com seus produtos, caminhando, em suas bicicletas, carrinhos improvisados e bancas móveis, fixas e/ou acopladas em seus corpos, em sua maioria, negros e jovens. Este trabalho é resultado de pesquisa etnográfica, pautada por observações diretas, conversas informais e entrevistas formais, realizada com duas mulheres ambulantes, uma vendedora de doces e outra de cervejas, no cotidiano de seus trabalhos noturnos, dimensão importante para complexificar suas vivências, associadas ao risco, ao medo e aos seus marcadores sociais da diferença, como o gênero. Busca conhecer suas trajetórias sociais e o modo como a constroem na situação da pesquisa, seus itinerários urbanos, para identificarmos percursos, estratégias e táticas de venda e proteção; além de trabalhar com a dimensão das memórias das interlocutoras em relação à cidade, suas vidas e a pandemia da covid-19. Também busco compreender e descrever como se dão as articulações que produzem o momento da venda, desde a etapa em que compram ou fazem a mercadoria, a rede social em que estão inseridas e quais os sentidos e práticas elaborados em torno dos seus trabalhos, em diálogo com seus projetos de vida. A proposta articula as áreas temáticas da economia popular, trabalhadores ambulantes, cidades, juventudes e interseccionalidades.