Ponencia

A memória que se assina, assassina a memória de alguém? – Uma reflexão sobre a escrita de etnografias em contexto de violências .

Parte del Simposio:

SP.10: Experiencias de comunicación y diálogos en las antropologías latinoamericanas: posicionamientos, prácticas e interlocutores

Ponentes

Simone de Oliveira Mestre

Universidade Federal de São Carlos

“A memória que se assina. Assassina a memória de alguém?” Os versos em destaque, são do poema “Ferrovia da Floresta” de autoria do poeta rondoniense Elizeu Braga, neles, Elizeu busca problematiza a ausência dos relatos sobre as comunidades ribeirinhas de Porto Velho, nas narrativas oficiais da história da cidade. O trecho “a memória que se assina” faz referência aqueles que escrevem esses registros (Pesquisadores, historiadores, jornalistas, entre outros). E, ao indagar “assassina a memória de alguém?”, o poeta revela a violência simbólica provocada pela invisibilidade da memória de um grupo social. Neste trabalho, proponho apresentar e problematizar alguns elementos éticos e metodológicos em torno da escrita etnografia, sobretudo, quando realizada em um contexto marcado por violência ou violências. Compreende-se por “etnografias em contexto de violência” como aquelas que são provenientes de pesquisa realizadas em espaços onde as relações e as circunstâncias são marcadas por algum tipo de violência. Deve-se conceber a violência como um fenômeno social no qual os sujeitos são submetidos arbitrariamente a algum tipo de constrangimento físico, simbólico ou moral. Portanto, debater como a escrita etnografia “narrar trajetórias de vidas violadas” é desafiador, principalmente quando são caracterizadas por diversas vulnerabilidades sociais, uma vez, que o próprio contexto muitas vezes se apresenta como uma “armadilha” para a/o etnógrafa/o e também para nossas/nossos informantes, desencadeando desafios éticos que requerem soluções criativa . Os dados empíricos que serão utilizados para alicerçar o presente trabalho são provenientes da minha experiência de pesquisa, na qual adotei o método etnográfico, tanto na realização do trabalho de conclusão de Curso nas Ciências Sociais quanto no Mestrado em Antropologia e no doutorado em Sociologia.