A prática da leitura como uma atividade sociocultural é atravessada por diversos âmbitos, como os da cultura e a educação. O ato de ler, para além de um saber ou de ação, produz sentidos coletivos e singulares e realiza-se em distintos contextos. Lê-se de diferentes modos, em diferentes espaços. Um dos lugares da leitura pode ser uma biblioteca. Bibliotecas comunitárias, são espaços nos quais os próprios integrantes de uma determinada comunidade buscam criar um local para a partilha de livros e da palavra literária. Como um fenômeno relativamente recente, parecem esboçar caminhos para a ampliação ao acesso à leitura e à formação de leitores. Bibliotecas destes formatos estão presentes no Brasil, tal qual em outros lugares da América Latina e geralmente nascem por meio de demandas da comunidade na qual estão inseridas. No estado do Ceará, de acordo com o sistema público estadual, há o registro de 213 bibliotecas comunitárias, das quais, 71 na capital, Fortaleza. A grande maioria destes lugares encontram-se nos bairros periféricos dessa cidade de mais de 2,5 milhões de habitantes. Muitos dos agentes comunitários que criam locais como estes, se articulam para pressionar o poder público e desenvolver editais e políticas específicas para as bibliotecas comunitárias que, frequentemente, têm sua manutenção feita pelos próprios agentes comunitários. Assim, entre demasiada ausência e algumas presenças do amparo estatal, as bibliotecas comunitárias parecem estar sedimentando uma democratização do livro, da leitura e desenhando itinerários para sua ampliação nas comunidades aos quais fazem parte. A cidade, como um local que abarca uma série de práticas sociais e culturais, pode ser um território fértil para o surgimento dessas bibliotecas. Entre um público de diferentes gerações, jovens constituem grande parte dos frequentadores. Dessa maneira, este trabalho buscará apresentar cenas e imagens de leitura produzidas por jovens leitores/as em uma comunidade na qual encontra-se uma biblioteca comunitária na cidade de Fortaleza. Através da observação direta e da interlocução com os/as jovens, construirá retratos narrados das experiências de leitura destes/as jovens no interior da biblioteca comunitária estudada. Para isso, produzirá um quadro narrativo sobre o local no qual a biblioteca está inserida e procurará dialogar sobre o ato de ler dentro de uma biblioteca que possui características e localidades específicas. Assim, refletirá sobre quais possíveis significados e trajetórias de leitura estão sendo desenhadas pelos/as jovens leitores/as no espaço de tal biblioteca.