Investigar o campo da antropologia visual e da antropologia multimodal desde as potências políticas e poéticas da imagem pertencente ao chamado nuevo cine latinoamericano de 1960 e 1970 é a intenção principal desta proposta de trabalho. Considerando reflexões acerca da relação entre antropologia e imagem, mais precisamente, a imagem cinematográfica, assim como, construindo uma discussão metodológica sobre a analise fílmica antropológica que ao caminhar em direção ao nuevo cine latinoamericano, vai promover também análises que visam contemplar um debate acerca do contexto social no qual está inserido este que atua enquanto interlocutor privilegiado e campo para o desenvolvimento da pesquisa etnográfica, ou seja, o filme político pertencente ao movimento cinematográfico em questão. Hikiji (1998) nos fala que o cinema e a antropologia nascem quase juntos e ao longo do tempo vão se encontrando e promovendo influências mútuas, mas vai ser ao decorrer do século XX que a antropologia vai poder contar além do antropólogo cineasta que utiliza o cinema como meio de pesquisa, com o antropólogo espectador, que vai utilizar o cinema como objeto de pesquisa. Para Barbosa (2014) os filmes podem exercer um papel de interlocutores privilegiados a partir de analises antropológicas que entendem o filme com um universo imagético que participa da construção social e cultural da realidade. E dentre os possíveis usos da imagem como instrumento para a pesquisa antropológica está a utilização das imagens, filmes e vídeos como elementos que proporcionam a criação de uma configuração etnográfica especifica e enquanto elemento que pode ser incorporado em uma análise de uma realidade especifica. É acerca das possibilidades e desafios que surgem a partir desse ato de entender o cinema/filme enquanto sujeito (não apenas ou não mais enquanto instrumento), ator social para o desenvolvimento da pesquisa antropológica que este trabalho pretender versar, construindo um diálogo com a própria imagem cinematográfica.