Mesa Redonda

MR.15: Novas e novos autores, novos olhares: efeitos teórico-metodológicos na produção antropológica na América Latina e Caribe

Coordinadores

Andrea Zhouri

Universidade Federal de Minas Gerais/Associação Brasileira de Antropologia

Brasil

Participantes

Laura R. Valladares de la Cruz

Universidad Autónoma Metropolitana, Mexico

México

Gustavo Lins Ribeiro

Universidade de Brasilia/Universidade Nacional Autônoma do Mexico

Brasil

Osmundo Pinho

Universidade Federal do Recôncavo Baiano

Brasil

Comentaristas

Sonia Maria Simões Barbosa Magalhães Santos

Universidade Federal do Pará/Associação Brasileira de Antropologia

Brasil

Esta mesa redonda é uma proposta da Associação Brasileira de Antropologia que, no período 2023-2024, vem implementando espaços de discussão relativos às produções antropológicas que levam em consideração as implicações teórico-metodológicas decorrentes de epistemologias diversas daquelas que constituem o lugar histórico da Antropologia. Estas epistemologias ancoram-se na decolonização do conhecimento e na desconstrução de interpretações hoje reconhecidas como eurocêntricas, bem como no reconhecimento de chaves de interpretação de povos originários e de afrodescendentes que introduzem cosmologias diversas e, por conseguinte, diversas formas de ser, viver e interpretar o mundo. Ademais, recolocam e evidenciam a importância do lugar geo-social, etno-racial e de gênero do autor e da autora na produção do conhecimento. Assim, emerge no histórico presente variadas abordagens que se auto classificam ou são classificadas como abordagens decoloniais, abordagens feministas, raciais e étnicas, por exemplo. Todas, de certo modo, apontando para as relações de poder que subjazem à produção de conhecimento

Com esta mesa tratar-se-ia de discutir a produção antropológica desde negros e negras, indígenas, mulheres e transgêneros na América Latina e Caribe da perspectiva dos campos de sentido que emergem nas (ainda) brechas construídas a partir de perspectivas anticoloniais. Deste modo, colocando também em discussão novas partidas teórico-metodológicas, como o são a autoetnogafia e a pesquisa intercultural.

Cabe destacar que a prática de pesquisa intercultural, ainda que não assim nomeada, ou melhor, ainda que subsumida às amarras das relações de poder entre observador e observado, historicamente tem se constituído como uma das principais chaves da antropologia, especialmente, da antropologia interpretativa. Desconstruir (?) e reconstruir (?) os caminhos da etnografia podem ser, assim, considerados como passos em direção a um diálogo entre o passado e o presente da disciplina.

Também nesta direção encontram-se formas de produzir antropologia ancoradas no diálogo transdisciplinar e na ecologia política que pretendem o reconhecimento dos conhecimentos tradicionais nas análises sobre as transformações socio- ambientais, e, ao mesmo tempo, o reconhecimento da heterogeneidade das sociedades latino-americanas e caribenhas estandardizadas por meio da visão eurocêntrica hegemônica do “outro”. Evidentemente, destas inflexões epistemológicas resultam consequências, sobretudo no que diz respeito às relações de poder imbrincadas na produção de conhecimento.

Por fim, cabe considerar também que novos e novas autoras emergem não necessariamente do campo acadêmico tradicional, isto é do interior das Universidades e Institutos de Pesquisa reconhecidos como lugares de produção de conhecimento por excelência, mas de uma produção significativa de lideranças, indígenas, quilombolas, negras, feministas que colocam em cena novas chaves interpretativas. Com esta mesa, espera-se construir um panorama mínimo sobre estas questões na América Latina e Caribe.