Genilson Leite da Silva, Brasil, 2023
Os estudos sobre as religiões de matriz africana e sobre a população africana em diáspora têm atraído pesquisadores de todos os cantos do mundo. Ao lado dos estudos das populações ameríndia esse tem sido uma temática responsável por atrair o interesse de pesquisadores e desenvolver diversos eixos temáticos. Quando voltamos nosso olhar para a modernidade nos centros urbanos, esses estudos se tornam campo fértil para questões multidisciplinares, passando a dialogar com outras áreas e campos de conhecimento. No Brasil o estudo da religião é aliado à compreensão da estrutura social e de questões relacionadas à população afrodescendente, principalmente nas esferas cultural, econômica, histórica e política. Essa exposição dialoga com o eixo temático: Antropologias feitas na América Latina e em Caribe, uma vez que elas fazem parte do acervo etnográfico de uma pesquisa que busca compreender a ocupação do espaço público com giras de Exu – um ritual voltado às entidades da umbanda, quimbanda e jurema. São cultos religiosos que se originam na relação de negociação e conflito entre os povos que constituem o tecido social brasileiro, o Indígena, o Africano e o Europeu. As referidas fotografias registram uma gira de Exu no bairro da Lapa, no Rio de Janeiro, no Brasil, evento esse que tem acontecido com muita frequência pelas ruas e bairros do Rio de Janeiro, e de forma direta ou indireta tem gerado movimento econômico para alguns estabelecimentos comerciais, bares, casa de shows e eventos públicos que aproveitam o tema para organizar festas. As giras também têm promovido diálogo direto com a arquitetura e o urbanismo da cidade, uma vez que delas surgem um santuário que passa a ser ponto turístico da cidade. Esse fenômeno mobiliza sujeitos de diferente cor, classe e gênero e projeta na cidade uma atmosfera suburbana, onde a ideia de individualidade dá espaço para o pensamento de comunidade e coletividade. Essa movimentação, que tem início na fé dos devotos em Zé Pelintra, dá origem ao Santuário de Zé Pelintra, na subida do bairro de Santa Tereza aos pés do turístico aqueduto carioca (Arcos da Lapa).
Genilson Leite da Silva, Doutorando em antropologia social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ/MN, Mestre em Artes pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro – UERJ, Especialista em Linguagens artísticas cultura e educação pelo Instituto federal do Rio de Janeiro – IFRJ. Bacharel em Dança pela UFRJ. Foi bailarino do Coletivo MUANES Dançateatro e Performances Afrobrasileiras. Foi pesquisador do Laboratório de Africologia e Estudos Ameríndia – Geru Maã UFRJ/IFCS. Coordena o Núcleo de Estudos em Cultura Popular e Sociedade (NECPS/UFRJ). Foi intérprete e criador da Companhia Folclórica do Rio – UFRJ; atuou como pesquisador e Coreógrafo no Projeto em Africanidade na Dança Educação (PADE/UFRJ).